09 março 2010

ONDE MORA O PERIGO?

ONDE MORA O PERIGO? Vou contar pra vocês, um “acontecido” que a minha prima, que mora numa vila, num bairro classe média, em São Paulo me contou... A vila dá numa rua que passa por baixo de um viaduto. E foi embaixo desse viaduto que mendigos passaram a viver de um tempo pra cá... A miséria é triste na televisão, mas é tolerável. (Afinal, aperta-se um botão e muda-se imediatamente para um documentário de Hollywood ou os Leões Marinhos da Patagônia.) A miséria nas esquinas distantes é triste, mas tolerável. (Afinal, basta não olhar pro lado). Mas a miséria assim, debaixo de nossos narizes, é insuportável. Afinal, não da pra mudar de canal. Agora sim, um pouco do acontecido me passado pela Diu (minha prima)... O pessoal do prédio ao lado do da minha prima (um desses “modernos”, com cerca eletrificada, câmeras e tudo mais, sabe?) formou uma associação. Mandaram uma circular para todos da região. Entre os objetivos vagos e abstratos, que deveriam ser atingidos pelo grupo, havia uma que chamou a atenção: “reurbanização do viaduto”. Leia-se: expulsar esses miseráveis do nosso raio de visão e garantir que não voltem nunca mais. Não sei como fizeram, mas, da noite pro dia, os mendigos sumiram. Os comerciantes da região pagaram a reforma do local e, onde antes ficavam os mendigos, fizeram um belo canteiro. Além dos canteiros, a comissão contratou um segurança, que fica de lá pra cá na rua, 24 horas. O bairro respirou mais aliviado. Até a semana passada... Terça-Feira, 9h da noite. A Diu ouviu gritos desesperados. Saiu de casa, ao mesmo tempo em que quase todos os seus vizinhos. Os gritos vinham do prédio ao lado (o mesmo que criou a associação). “Chama a polícia! Ele ta matando ela! Socorro!” A polícia chega e entra no prédio. A população de curiosos (ela lá no meio) espera no meio da rua. O criminoso sai acompanhado por três policiais. É branco, grisalho, veste calça social, camisa azul e gravata. As coisas começam a fazer sentido. A voz que gritava era da filha. O pária, encolhido no camburão, estava espancando a esposa. Segundo os vizinhos, não era a primeira vez. Mas essa noite devia estar com o humor abalado e tentou matar a mulher, sufocando-a. Não sei que fim levou a história. Não tenho idéia se o covarde agora está num flat, em casa, na casa de um irmão ou se, enquanto escrevo aqui, dorme tranquilamente ao lado de sua refém, perdão, esposa. Os mendigos foram expulsos e não sei se agora estão vivos, mortos ou se, enquanto escrevo aqui, dormem embaixo de algum viaduto. Se dormem, dormem um sono pouco tranqüilo. Estamos todos preocupados com a violência, eles também. Afinal, a qualquer hora podem chegar os capangas, uniformizados de seguranças particulares, e enxotá-los daquele lar improvisado. E se na verdade, pensando que estamos nos protegendo, estivermos atacando? E se, na verdade, nós formos os perigosos? Quando o camburão, levando o belo pai de família, cruzou os belos canteiros, a Diu, sabendo do espaço do blog, pensou em me ligar e contar o acontecido e essas idéias me vieram à cabeça. Alguma coisa ta bem errada, neh? Ou tu acha que ta tudo tranqüilo?! “Também morre quem atira...” Hey Joe, na versão do Rappa. Sejam Felizes!! bjometwitta @JuMktMartins

2 comentários:

  1. Chê, MUITA coisa está errada... Fica até difícil discernir muitas vezes. As palavras de Hey Joe que citaste dizem muito, neste e em tantos outros casos.
    bj

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  2. Bah.. fiquei passada, tá tudo "virado" e a verdade a realidade estão relativas DEMAIS!
    Tô com sds...

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